segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Champions


James e Moutinho, uma dupla brilhante

João Moutinho volta à titularidade

Hulk procura recuperar o crédito perdido

Os dragões não podem perder

James aponta à titularidade
Ok, eu não costumo (e não gosto de) deixar à vista as minhas preferências clubísticas, procurando sempre ser imparcial no que aos adversários do meu Porto dizem respeito. E agora não vou atacá-los, longe disso: espero que ambos ganhem as respectivas jornadas europeias (no caso dos leões, na Liga Europa), de modo a elevar o nome de Portugal. Contudo, a equipa em relação à qual demonstro mais preocupação é mesmo o Porto.
Vítor Pereira oscila entre o inteligente e o muito burro, Hulk entre o magnífico e o muito mau. A defesa pareceu ganhar nova solidez com Mangala (embora eu não goste absolutamente nada de Rolando) e o meio-campo não pode, simplesmente, prescindir de João Moutinho, um jogador que, sem ser vistoso, é de uma inteligência muito acima da média, uma espécie de Xavi português. E depois vem o ataque: Kléber marcou agora um golo e está confiante (especialmente com a convocatória para o Escrete), mas continua a não me agradar muito. Reitero que o Porto precisa de um ponta-de-lança a sério. E acreditem no que vos digo: Leandro Damião ainda está em cima da mesa (tenho as minhas fontes privilegiadas). Finalmente, chegam as alas: no meio-campo defensivo, não temos lateral direito: Sapunaru não tem qualidade e Fucile é demasiado irregular e intempestivo; Hulk é (praticamente) intocável no ataque, tal como Álvaro é insubstituível a defesa-esquerdo; e James? Bem, esse é simplesmente imprescindível: a dose de calma, explosividade, imprevisibilidade e criatividade de que o nosso ataque tanto carece quando está sem ele. E continuo a dizer: é a 10 que o miúdo explana melhor todas as suas qualidades.
Como nota final: falou-se do regresso de Ricardo Carvalho ao Porto. Não acredito nem tive qualquer confirmação por parte dos meus contactos. Mas que era bom, era. Metia o Rolando em metade do bolso. Porém, não acredito que o melhor central português de todos os tempos estivesse disposto a deixar o Real Madrid, nem que Mourinho esteja disposto a prescindir de um central desta qualidade. Talvez para o ano, se ganharem a Champions ;)

Ricardo Carvalho de blanco...

...e no azul-e-branco dos bons velhos tempos

Partir de Trás, Chegar-se à Frente, Abrandar... e Ganhar

Moutinho e James trouxeram brilhantismo

Benfica marcou cedo e acabou a sofrer

Ricky e Schaars espremeram a laranja

Liga ZON Sagres. O Porto mastiga o jogo durante uma hora interminável, até que aparecem James e Moutinho e a partida torna-se empolgante. O Benfica entra a matar, com dois golos madrugadores (o primeiro aos 25... segundos!). O Sporting faz um jogo abaixo do habitual, sem no entanto deixar de ganhar.

Eles é que são craques!
O jogo era lento e macilento, o FC Porto liderava com um golo caído do céu. Os adeptos estavam descontentes e isso via-se - ou melhor, ouvia-se - com tamanhas assobiadelas que o estádio tremia. Hulk, o bi-Dragão de Ouro, exagerava em lances individuais absolutamente fortuitos e sem qualquer perigo - um jogo muito fraquinho do super-herói. Fintava muito próximo dos seus oponentes, quando é sabido que o seu forte é o drible em progressão rápida, a redondinha driblada para a frente de modo que, usando a sua força hercúlea e a velocidade fenomenal, consiga chegar primeiro que o defesa. Saía-lhe tudo mal e os assobios evidenciavam a insatisfação do público perante as bolas perdidas em catadupa pelo Incrível para os jogadores pacenses. Vítor Pereira apercebeu-se da noite horrível de Hulk e substituiu-o, recebendo aquele que terá sido, porventura, o maior aplauso da sua carreira. Mas o rapaz não gostou nada de ser substituído e assobiado e aí é que ficou mesmo verde: de fúria, saindo disparado para o balneário.
Contudo, o treinador portista não podia ter feito melhor escolha: ao pôr em campo James, Moutinho e Kléber, mal sabia Vítor Pereira que os dois golos seguintes iriam ser fabricados pelos três jogadores. Os primeiros dois trouxeram nova dinâmica e alegria à equipa, contagiando o grupo para uma exibição completamente diferente da vista até aí, plena de garra, vontade e determinação, com o médio português a fazer um golo como ele: guerreiro. Conclusão: estes dois são mesmo insubstituíveis. James Rodríguez e João Moutinho: eles é que são craques!

Chamem-me Flash
Rodrigo é, sem dúvida, a nova coqueluche da Luz. Quando anunciaram o seu nome no onze titular, o estádio entrou em apoteose. E não é que o miúdo respondeu à letra? Com um golo em apenas 25 segundos, o mais rápido do campeonato, e o outro pouco depois, o avançado hispano-brasileiro mostrou que entrou na equipa para ficar... e triunfar. Uma primeira parte entusiasmante das águias, com muita acção e a sufocar o Olhanense, completamente encostado à sua baliza. Nota negativa, porém, para o segundo tempo dos encarnados, que acabaram o jogo a sofrer, após o golo algarvio. Mas Rodrigo gosta dos petiscos do Sul...

Laranjada número 10
Foi a versão mais cinzenta que se viu desde Paços de Ferreira do leão. Não deixou de ganhar, é verdade, mas também não deslumbrou. Bastaram os serviços mínimos para pôr o Sporting em terceiro lugar (em virtude do empate do Braga) e Wolfswinkel como melhor goleador do campeonato,  a par de Baba e Cardozo. Um jogo lento na primeira parte, sem muitas ocasiões de golo, que se animou no regresso dos balneários. Mas foi aí que Henrique decidiu borrar a pintura: em três minutos apenas, deitou por terra quaisquer possibilidades de o Feirense acabar o jogo com um ou mais pontos, que até à altura até merecia. O defesa de 25 anos fez duas faltas quase seguidas sobre Capel, ambas merecedoras de cartão amarela, e foi tomar banho mais cedo. Perante esta vantagem, o Sporting não se fez rogado e partiu em busca da vantagem num jogo que estivera, até então, bastante dividido. Schaars foi o desbloqueador: ganhou o pénalti para o Iceman Wolfswinkel marcar e fez ele próprio, mais tarde, o segundo. No final, vitória justa dos leões, com uma grande exibição do guarda-redes contrário, Paulo Lopes.

Melhor do Benfica: Rodrigo
Melhor do Porto: João Moutinho
Melhor do Sporting: Schaars (com nota muito positiva para Paulo Lopes, o guardião do Feirense)

Moutinho, o melhor do Porto

Rodrigo bisou e foi o melhor do Benfica

Schaars, o melhor do Sporting
James, um dos grandes destaques

Bruno César, sempre decisivo

Uma equipa muito unida
Hulk deixou imagem muito negativa

Gaitán, um poço de talento

Schaars sofreu pénalti e marcou o segundo

Kléber e João Moutinho marcaram


domingo, 30 de outubro de 2011

Sub-23: Diego CAPEL



Espanha, 23 anos, Sporting CP. Há quem o compare a Futre - El Portugués incluído. Com um ritmo frenético, bola nos pés de anão, cabeça baixa e pinta de miúdo irrequieto, Capel revela uma tremenda facilidade em colorir marcadores, assim como em providenciar as tintas para os outros o fazerem. Já aponta à Selecção Espanhola, e merece: Capel é mesmo um dos melhores da nossa Liga.

É que não pára!
Capel faz lembrar aqueles miúdos traquinas, sempre a fazer asneiras e a pôr as cabeças dos pais em água, "nunca pára quieto!". De facto, o drible curto e que dá, erradamente, a sensação de ser atabalhoado, é um autêntico quebra-cabeças para os defesas contrários, os hipotéticos pais que não sabem como parar esta criança efusiva e hiper-activa, que parece constantemente ligada à corrente. Se Capel fosse o coelhinho das pilhas Duracel, todos acreditávamos: e corre.... corre... corre... Ninguém parece ser capaz de o parar. Ganha sempre a linha de fundo e não há um cruzamento que lhe saia defeituoso. Um virtuoso da bola.

O Senhor Assistências
Já conta inúmeras assistências para golo na Liga e contaria ainda mais, não fosse a azelhice de certos colegas na hora da finalização. Como já foi referido, ganha sempre a linha de fundo, o que contribui, imediatamente, para uma maior probabilidade de os seus passes irem parar ao fundo das redes adversárias. Nenhum oponente é suficientemente grande ou forte para Capel, que consegue sempre escapar-se por entre um mar de pernas, por mais vasto que este seja.

Golos... de cabeça!
Do alto dos seus 1m73, ninguém pensaria que Capel pudesse marcar golos à cabeçada. Mas a verdade é que dois dos seus três tentos na Liga foram em resposta a bolas aéreas. Aconteceram ambos contra o Gil Vicente, em cabeçadas fulgurantes e absolutamente indefensáveis. O outro golo foi a la Futre, aquele com quem o comparam, aquele que via os jogos do Sevilha só para o ver jogar - dança entre os adversários e um remate poderoso e sem quaisquer hipóteses de defesa. Mais virão.

Conclusão
Não há quem o pare. Capel assume-se cada vez mais como um caso sério no futebol português e mundial, sendo já um forte candidato à Selecção Olímpica. Esperemos que continue a deixar o perfume do seu futebol electrizante pelos relvados portugueses por muitos mais anos - significaria que a Liga Portuguesa se tornara uma das melhores do Mundo, capaz de segurar jogadores como esta pequena pérola espanhola. Tem, sem dúvida, coisas de Futre - mas muito mais de si próprio; não se trata de um goleador, mas de um flanqueador, uma faca cortante nos flancos das hostes inimigas. Com vinte e três anos apenas, Capel é um craque do presente... e do futuro.





terça-feira, 25 de outubro de 2011

Simplesmente os Melhores

Goleada coreou grandíssima exibição
Sporting-Gil Vicente. Nona vitória seguida e goleada triunfal e plenamente justificada por uma exibição paciente, brilhante, fulgurante, asfixiadora, esforçada, vibrante, entusiasmante, criativa... Começam a faltar elogios para este Sporting de Domingos Paciência, que é neste monento, simplesmente, a equipa que melhor futebol pratica em Portugal.

A tónica do costume
Com Domingos, veio um factor que nunca estivera presente em anos anteriores no Sporting: marcar bem cedo. Na última década, se o Sporting já mal marcava golos, quanto mais marcá-los na aurora do jogo? Mas hoje em dia, a equipa entra em manada, atropelando os adversários e esfaqueando-os sem lhes dar, sequer, tempo para se acostumarem ao jogo. E já se sabe que golos madrugadores são injecções de confiança deveras eficazes...

Matías ou Carrillo? Tanto faz!
Algo que ficou bem evidente no jogo de ontem foi a imensidão de soluções de que o treinador dos leões dispõe. Três guarda-redes de altíssimo nível, quatro centrais com muita garra (destaque para Onyewu - não jogou - e Carriço - marcou!), Rinaudo tem em André Santos um substituto à altura, Matías pode fazer descansar Elias, Schaars pode ir para o banco descansado, Carrillo faz bem de Capel, Ricky tem em Bojinov e Rubio sombras gigantescas e muito talentosas e, o que salta mais à vista, tanto Matías como Carrillo imprimem qualidade singular ao jogo leonino - e ainda falta Jèffren! Ontem, entrou Matías, que fez um jogo à sua altura, mas quando chamado arender o chileno, o miúdo peruano interveio nos últimos três golos.

Capel, o cabeçudo
O grande destaque de ontem foi, sem dúvida, Diego Capel. O espanhol joga, faz jogar, marca e dá a marcar, além de fazer a cabeça em água aos defesas contrários. Contra os gilistas, ganhou sempre a linha de fundo, efectuando um sem-número de centros venenosos que os seus colegas desperdiçaram. Contudo, o motivo de maior aplauso foram mesmo os dois golos, ambos de cabeça, coisa rara para extremo de... 1m73! Grande jogador, este rapaz, e bem podem esperar vê-lo figurar como o escolhido para o artigo Sub-23 numa das próximas semanas. Merece, sem dúvida, a Selecção Espanhola - já a convocatória seria uma bonita prenda pelas magníficas exibições que tem assinado ao serviço do Sporting.

Golos para todos (os gostos)
Três golos de cabeça, três com os pés. Dois golos de bola parada, quatro de bola corrida. Um golo por um defesa, dois por um extremo e três por dois pontas-de-lança. Dois bis. Dois golos por um suplente. O manancial deste leão é vasto e atemorizador, sendo que tem em todos os seus jogadores prováveis protagonistas. O Lobo voltou aos golos (através de uma grande-penalidade que ele próprio ganhou), Capel marcou duplamente de forma improvável, Carriço coroou uma grande exibição e Bojinov estreou-se a marcar pelo Sporting, frente aos adeptos, e logo a bisar. Uma nota também para Carrillo, que entrou de forma arrasadora, acabando de vez com a ínfima resistência do Gil Vicente, que foi incapaz de segurar este pequeno prodígio. De facto, uma exibição fenomenal da equipa verde-e-branca.

A festa da Taça
Soube-se, também ontem, que o Sporting enfrentará o Sporting de Braga na quarta eliminatória da Taça de Portugal. Um deles ficará pelo caminho, o outro alimentará o sonho. Diga-se que este é, até agora, o maior desafio da era de Domingos Paciência. Mais ainda que o jogo contra a Lázio, pois os dois Sportings são duas equipas que se conhecem muito bem e que foram, até, rivais pelo terceiro lugar na época passada. Por esse jogo, veremos o verdadeiro estofo do Leão.
Já o Porto ficou com uma visita complicada à Briosa e o Benfica com a Naval, dos três grandes a equipa com o adversário teoricamente mais simples - ainda assim, sempre complicado. Boa sorte a todos.

Golos: Daniel Carriço (7'), Wolfswinkel (58'), Capel (62' e 65'), Roberto (75') e Bojinov (79' e 90'+2')
Homem do Jogo: Diego Capel


Carrillo, um miúdo muito futuro

Festa

Capel, o Homem do Jogo

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sub-23: JAMES Rodríguez


Colômbia, 20 anos, FC Porto. Chamam-lhe o James Bond Colombiano. Toque de bola, visão de jogo, magia, finalização, leitura. James tem tudo. A extremo, a 10 ou a segundo avaçado, onde quer que jogue, é um jogador simplesmente fenomenal.

Beijando a redondinha
De cada vez que El Bandido toca a bola, faz-se magia. Nos pés dele, a bola parece ainda mais redonda, mais bela, mais obediente. Veja-se o pormenor na assistência ao golo de Kléber contra o Shakhtar (Liga dos Campeões): com um simples toque, parte os rins ao defesa, a fazer lembrar o golo (mal) anulado de Ronaldo à Espanha. Fintas de todos os tipos e um drible curto e preciso, sem deixar de ser veloz, fazem deste miúdo um verdadeiro prodígio, que já brilha bem alto na quarta melhor equipa do Mundo, com vinte aninhos apenas.

Assistências de varinha
Já foi falada a assistência para Kléber no golo da Champions, mas há muitas mais. Para Otamendi e Walter, contra o V. Setúbal, no ano passado (0-4); contra a Académica, a culminar um ataque rápido, tirou da manga uma assistência fantástica para o golo de Guarín, um passe que demontrou a sua qualidade de endossamento do esférico, visão e leitura de jogo e inteligência.

Jogadas de sonho
James não faz só assistências: também inicia, muitas vezes, as jogadas, sendo exímio a transformar uma jogada normal numa jogada perigosíssima para as redes adversárias. Aberturas fantásticas - p.e.: 1.º golo de Kléber à U. Leiria (2-5), abertura para Álvaro Pereira -, começo das jogadas que dão nos seus próprios golos - 0-2 à Académica (0-3) - e muitos outros ataques que só não dão golo devido à escassa eficácia dos colegas. De notar também a jogada do segundo golo da Colômbia, iniciada por James, golo esse que determinou uma vitória histórica sobre a Bolívia (1-2) a 3500m de altura; foi eleito o melhor em campo numa estreia de sonho pela Selecção Cafetera - só lhe faltou mesmo marcar. De facto, gostaria muito de vê-lo jogar a 10 um dia destes: com as suas qualidades, tenho a certeza de que seria simplesmente genial.

Golos de metralhadora
Os três golos de James ao Vitória de Guimarães para a final da Taça de Portugal ou os dois contra a U. Leiria (2-5), já esta época, dizem bem da capacidade finalizadora do miúdo. Conte-se também o mais belo golo do Porto até agora, contra o V. Setúbal , numa fantástica jogada colectiva com remate final do colombiano. E o quarto golo de James em quatro jogos no Campeonato: a começar a jogada e, depois, a finalizá-la com um golo magnífico, após simulação em frente ao guarda-redes. Por alguma razão lhe chamavam Cristiano Ronaldo Colombiano - agora, tem identidade própria.

Conclusão
James Rodríguez não é um jogador comum. Com uma qualidade muitíssimo acima da média, será, quase de certeza, um dos melhores do mundo dentro de dois ou três anos. Já é dos melhores da nossa Liga, apenas "pecando" pela tenra idade, algo que o prejudicou no jogo com o Feirense, levando-o a receber cartão vermelho e, consequentemente, a falhar o jogo com o Benfica. Contudo, James cresceu desde então e continua a ter licença para matar... jogos. Tem coisas de Ronaldo e de Messi: joga na mesma posição que o português e tem um estilo de jogo parecido com o do CR7, mas o drible curto e as fintas mágicas são de Messi. Dos dois, a capacidade finalizadora e a intensidade com que já brilha com apenas vinte aninhos. Um grande jogador do presente e um dos melhores do mundo do futuro.




Chorar Sobre Leite Derramado


FC Porto-APOEL Nicósia. Exibição desastrosa da equipa portista, que não mostrou alma de equipa nem chama para combater uma apatia preocupante. A assobiadela final foi bem clara: o vencedor da Liga Europa não deveria fazer das tripas coração para sacar um pontinho na sua própria casa...

Walter
Pois é. Já se adivinhava o mea culpa, que se tornara inevitável após os cinco golos do portentoso Walter ém apenas dois jogos. Contudo, o arrependitmento de Vítor Pereira por não ter inscrito o Bigorna na Champions é vão, uma vez que era algo perfeitamente evitável e advindo de um perfeito disparate. Tudo bem que o treinador portista não tivesse gostado do rendimento do jogador na altura das inscrições; mas daí a deixá-lo de fora da maior competição de clubes do Mundo... Veja-se: Mourinho andou a época passada toda a queixar-se que tinha apenas dois avançados - e esses eram Higuaín e Benzema, dois dos melhores pontas-de-lança da actualidade! E Vítor Pereira dá-se ao luxo de preterir Walter quando apenas tem o desinspirado Kléber para ocupar o eixo do ataque??? Algo tinha de estar mal - o que se veio a comprovar agora...

Querubim Negro
Há que referir que o golo azul-e-branco caiu docéu, quando a equipanada fazia para justificar a vantagem - ou até mesmo a igualdade... Foi, por isso, com naturalidade que o APOEL chegou ao golo - e surpreendente (muito por culpa de Helton) que não tenha chegado à vantagem. O Porto tem um guarda-redes de nível mundial, um verdadeiro querubim negro, como lhe chamam. Deu um frango no outro dia, é verdade - e depois? Já salvou tantas vezes a pele à equipa que até poderia dar cinco ou seis frangos seguidos - estaria perdoado.

Nódoa
Foi uma exibição muito, muito fraca a que o FC Porto apresentou aos adeptos. O chefe Rolando submeteu-se aos cipriotas, o grande Otamendi decidiu ser pequenino, os activos laterais Álvaro e Sapunaru tiraram a hora para dormir, o operário Moutinho não acertou com as ferramentas, o portentoso Guarín só levou mesmo os músculos para dentro de campo, mágico James esqueceu-se da varinha e o "matador" deixou as armas em casa - coisa que já tem sido hábito, não é, Kléber? Só Helton, Fernando e Hulk se salvaram. Mas foi aí que Vítor Pereira decidiu afundar ainda mais o Dragão.

Tiro e queda
Começou por tirar Fernando, o tampão, para entrar Belluschi (entrada acertada para dar criatividae, a pedido do público) e meter o desastrado Guarín (que não acertava um passe) a trinco. Ao mesmo tempo, retirou James (que começava a aparecer - e que teria ganho uma falta perigosíssima à entrada da área, não fosse a noite horrível do árbitro) e fez entrar Varela (sim, aquele que não tem feito nada neste início de época); a assobiadela foi bem merecida. Finalmente, sacrificou Moutinho para dar minutos de tortura a Defour. E por que é que eu não concordo com nenhuma destas decisões? Passo a explicar.
Primeiro de tudo, o treinador foi reunir um meio-campo que nunca jogou junto esta época: Guarín, Belluschi e Defour; mais que natural a óbvia falta de entrosamento entre os três jogadores. Segundo, tirou Fernando, um dos dois jogadores cruciais do meio-campo portista, e um dos únicos que estavam a evitar o descalabro total. Depois, decidiu prescindir de um jogador que começava finalmente a aparecer no jogo - James - para meter outro que não está em forma e que, ao contrário do primeiro, não acrescenta qualquer criatividade ao jogo azul-e-branco. Além disso, foi pôr um jogador absolutamente desinspirado no jogo ofensivo e comprometedor no plano defensivo a trinco; o trinco é o primeiro criador de jogo da equipa e deve ser um dos melhores passadores - pois caso contrário a equipa estará em apuros -, por isso, desviar Guarín, que se fartou de falhar passes, para essa posição seria matar a equipa. Assim foi. Tivemos sorte em sair do Dragão com um mísero pontinho...

Homem do Jogo do Porto: Helton

Helton, o Querubim Negro

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sub-23

Ora bem: todas as semanas, postarei uma análise a um jovem promissor da nossa Liga, explicando por que creio que é um jogador com potencial e um grande futuro pela frente. Uma análise breve e concisa, a começar já hoje.

Os Grandes em Grande

Walter, goleador nato

Imagem A Bola
André Santos e Ricky, jovens com muito futuro

Taça de Portugal. O FC Porto ganhou por 0-8 ao Pêro Pinheiro, confirmando o seu renascimento desde o mau período de jogos. O Sporting também cumpriu (0-2 ao Famalicão), demonstrando que veio para ficar. O Benfica venceu o Portimonense (0-2), numa clara expressão da sua força. Renascimento, crescimento e estabilidade.

Fénix azul
Após o empate como Benfica (depois de outro empate, dessa feita com um rival de menor expressão, o Feirense), a preocupação e o medo abateram-se sobre todo o corpo portista, temendo que o Zenit conseguisse levar de vencida os campeões nacionais. 3-1 para os russos e cumpriram-se as piores expectativas. Contudo, a equipa azul-e-branca renasceu das cinzas no jogo com a Académica, com o renegado Walter a abrir caminho à vitória. A desgraça assombrou Portugal com os jogos da Selecção Nacional e os dias tornaram-se mais cinzentos, mas o Bigorna, juntamente com talentos como Belluschi e Defour, estava disposto a contrariar o marasmo. Quatro golos e uma exibição de encher o olho, com uma estreia açucarada (mas também azarada) para Iturbe e um bom jogo para o caloiro Alex Sandro. Pelo meio, um festival de golos e uma festa digna da Taça de Portugal, oferecida de forma absolutamente digna pelo Pêro Pinheiro. O dragão reergueu-se, qual fénix renascida das cinzas.

Leão holandês
O Sporting continua a confirmar o excelente momento de forma, reassumindo-se definitivamente como um dos grandes portugueses. Sete vitórias seguidas para a equipa leonina, com Ricky Van Wolfswinkel, Stijn Schaars, Elias, Patrício, Onyewu, João Pereira, Insúa e Capel, entre todos os outros - que têm também todo o mérito - como estandartes da bandeira verde-e-branca. Má sorte de Carriço e de todos os restantes centrais lesionados. Contra o Famalicão, uma vitória suada, com o primeiro penalty da época a ser assinalado a favor dos leões, e Ricky a centrar de novo em si o protagonismo. Mas há que realçar também a  importância de todos os outros, pois Domingos construiu uma equipa fortíssima no colectivo, potenciando as individualidades. Bom jogo dos anfitriões, vendendo cara a derrota e tornando o trabalho do Sporting ainda mais meritório. Venham mais desafios!

A águia caça a presa
O Benfica continua arrasador neste início de época, tendo derrotado novo rival - o mais difícil dos três, diga-se - e seguido em frente na Taça. Ficaram na retina as actuações de Bruno César, Capdevilla e Miguel Vítor e as estreias de Nélson Oliveira e Rodrigo, assim como de David Simão e Eduardo. Clara demonstração de força das águias, lideradas pelo Chuta-Chuta, que assinou nova exibição plena de classe. E com quatro portugueses no onze! Sigam-se os palcos europeus.

Dúvidas
Será Jardel, brasileiro e contratado à pressa, melhor que Miguel Vítor, português e formado com todo o primor nas escolas benfiquistas? Será Kléber, que tem deixado muito a desejar, melhor que Walter, que marcou cinco(!) golos nos últimos dois jogos? Será Emerson melhor que Capdevilla? Será Cardozo melhor que Rodrigo ou Nélson Oliveira? Miguel Vítor é um central polivalente que explana classe - pessoalmente, Jardel é um jogador que não me agrada nada; escolheria o português, sem sombra de dúvidas. O Bigorna tem aquele ar pesadão, mas também o tinha Ronaldo, o Fenómeno, e vejam quantos golos marcou ao longo da sua carreira; pessoalmente, prefiro Walter a Kléber. Capdevilla é campeão do mundo, um jogador de créditos firmados aliciado por uma competição que nem sequer irá jogar; pelo palmarés, fico com o espanhol. Cardozo é um ponta-de-lança sem mobilidade que irrita ver jogar, tanto pelas oportunidades que falha, como os passes simples que entrega aos defesas contrários; Rodrigo e Nélson Oliveira são dois jogadores fantásticos e ainda muito jovens, com um futuro brilhante pela frente; para já, fico com Óscar Cardozo: dará, possivelmente, lucro ao Benfica, além de fornecer tempo e espaço aos dois miúdos para crescerem, pelo menos durante esta época; com certeza Jorge Jesus lhes dará mais oportunidades durante a temporada.

Estreias de encher o olho
  • Iturbe estreou-se (e lesionou-se) com a camisola do FC Porto, dando já um ar de sua graça; os adeptos ficaram com água na boca. Alex Sandro mostrou que é uma aposta sólida para fazer concorrência a Álvaro Pereira e, mais tarde, a Rafa (se não lhe ganhar o lugar); o Porto só deixará o Palito ir embora quando tiver as duas alternativas disponíveis. Kadú é um guarda-redes magnífico, guardado na caixinha mágica, para um futuro a médio-prazo. Bracalli é excelente, sendo uma sombra bem pesada para Helton.
  • Eduardo é já bem conhecido do público português, um guardião de nível mundial; esperemos que tenha mais oportunidades, pois caso contrário, por que veio para o Benfica? Rodrigo é um avançado completo, um verdadeiro artista do futuro; mal posso esperar por poder vê-lo de novo. Nélson Oliveira é um jogador fantástico, muito possivelmente o futuro ponta-de-lança da Selecção Portuguesa; esperemos que sim; falta apenas vê-lo mais vezes. Rodrigo Mora parece-me um jogador com potencial, mas os poucos minutos que teve de jogo não foram elucidativos. Fala-se muito do sucessor de Aimar, quem irá o Benfica comprar; pois eu penso que já há na equipa quatro sucessores à altura: Gaitán, Bruno César, Witsel e... David Simão; o miúdo tem um toque de bola delicioso, endossa o esférico com muito açúcar e demonstra uma visão e leitura de jogo notáveis; tenho a certeza que seria o herdeiro ideal de El Mago; por que não recorrer à prata da casa?
  • Marcelo Boeck é concorrente de peso para Partício, tendo saído de Famalicão com um saco de grandes defesas. Diego Rubio é um avançado tremendo, uma grandíssima promessa; penso que Domingos deve ir apostando nele regularmente, nos jogos da Taça de Portugal e da Taça da Liga, assim como no portentoso Bojinov; com apenas dezoito anos, o chileno [Rubio] é uma das grandes promessas do futebol mundial. 
  • Iturbe
    Alex Sandro
    Nélson Oliveira
    Rodrigo
    Capel
    A festa da Taça

sábado, 15 de outubro de 2011

A Andar Não se Chega Lá...


Dinamarca-Portugal. 1.ª Parte - "só vejo um jogador português a correr: Ronaldo." 2.ª Parte - "lutem contra o marasmo, carambas!". Portugal escapou-se da Dinamarca com uma derrota pela diferença mínima graças a belas defesas de Rui Patrício e a um golão de Ronaldo. Pelo meio, fica uma péssima exibição e o regresso do fantasma do play-off...

Não era assim tão fácil...
Desde o início, quando já todos os portugueses cantavam que estávamos no play-off, eu pensava: "calma aí, que jogamos na Dinamarca, não cá, e quando eles jogam bem, são muito difíceis de bater." Infelizmente, as minhas previsões cumpriram-se. A Dinamarca foi eximiamente montada tacticamente, não deixando Portugal jogar - daí, também, a exibição horrível da turma das Quinas. Além disso, Rolando estava um desastre, Bruno Alves medíocre, João Pereira fraco, Eliseu lento, Meireles em noite-não, Martins estava perdulário, Moutinho desinspirado, Nani individualista, Postiga ausente e Ronaldo lesionado. A receita para o descalabro...

Golos madrugadores destroem (quase) sempre o esquema
Além da entrada pouco inspirada de Portugal, acresceu à má exibição lusa a vontade e garra tremendas dos nórdicos. Acutilantes, pressionantes e agressivos, os dinamarqueses não nos deixavam jogar, levando sempre a bola à nossa área. A armada lusitana caiu logo nos primeiros minutos: um golo que, embora anulado, destroçou a equipa portuguesa. Depois, bastou um desvio infantil de Rolando e o terror abateu-se sobre as hostes visitantes.

Sem garra para contrariar
Portugal via-se, então, obrigado a jogar bem e com cabeça para contornar adversidade tão madrugadora. Mas os médios não criavam jogo e os avançados estavam presos na armadilha viking; todas as bolas se tornavam infrutíferas. E, mesmo no melhor perído de Portugal, nada de animador se gerava, a não ser um remate bem direccionado mas sem força do capitão português. Para agigantar o azar, Rolando estava a assinar uma exibição escabrosa, sem ponta de qualidade. Espanta-me como o segundo golo não surgiu mais cedo... Além disso, chocava-me o facto de apenas ver um jogador a correr, pressionar e esforçar-se por outro resultado: Ronaldo. Nani optava pelo individualismo cego, esbarrando sempre nos defesas dinamarqueses, os médios não ligavam os sectores e Postiga era uma nódoa no meio do ataque. Mas um jogador lesionado e sozinho, por mais que tente, não consegue resolver um jogo - mesmo sendo o CR7.

Mais do mesmo
Na segunda parte, mais do mesmo, embora com mais um pouco de garra. Contudo, os contra-ataques da Dinamarca eram facadas constantes na tentativa vã de Portugal de tentar virar um jogo perdido. Nani cresceu um pouco e até os médios começaram a criar mais futebol, mas os consecutivos passes falhados ofereciam a bola à Dinamarca demasiado cedo. As substituições tardavam e, quando feitas, não surtiam qualquer efeito. As oportunidades, quando criadas, eram desperdiçadas. Martins apostava nos remates disparatados. Não tardaria a vir o golpe final, em mais um erro crasso de Rolando e do resto da defensiva nacional.

São Patrício e Super-Ronaldo
Após o segundo golo da Dinamarca, o castelo de cartas lusitano, já de si extremamente frágil, desabou. A Dinamarca voltou a assumir o domínio total do jogo e o resultado só não assumiu contornos de escândalo graças a um punhado de grandes defesas de Rui Patrício, que se assume definitivamente como o titular da baliza portuguesa. A Selecção era um ratinho frágil nas garras de uma fera temível que brincava e desperdiçava. Mas o alívio, a honra e a esperança num milagre chegaram pelos pés do incontornável Cristiano Ronaldo. O capitão português sofreu uma falta e não hesitou: pegou na bola, ajeitou-a e recuou, bem à sua moda. Enquanto as devidas formalidades eram levadas a cabo, respirava e concentrava-se. Ele sabia que ia marcar aquele golo. E eis que, num remate espectacular, surgiu um golaço tremendo, digno do Melhor do Mundo. Finalmente o único jogador português que se tinha mantido inconformado com o resultado era recompensado. O milagre, naturalmente, não chegou. Mas a obra-de-arte ficou para a história.

Opções Casmurras
Finalmente terminou o jogo e a desilusão era bem patente nos rostos dos jogadores portugueses. Agora, há que duvidar de algumas opções do seleccionador, assim como admitir que certas soluções para as ausências mais sonantes nunca o serão. Eliseu não é Coentrão, tendo provado como o miúdo das Caxinas é importante para a Selecção Nacional - o jogador do Málaga foi, por diversas vezes, ultrapassado em velocidade, tendo defendido mal, e não foi, de longe, tão preponderante como o jogador madridista é no ataque. Rolando não é Pepe e voltou a mostrá-lo com uma exibição desastrosa, simplesmente horrível. Eu sei que é bater no ceguinho, mas Bruno Alves também não é Ricardo Carvalho; bem sei que Carvalho errou mas, na minha humilde opinião, Paulo Bento já não gostava dele e procurava há muito uma maneira de o dispensar: com a história do "desertor", conseguiu-o, pondo os seus interesses à frente dos da Selecção Nacional. E Postiga não é Hugo Almeida, embora este também não seja o matador de que tanto precisamos. Finalmente fica, invariavelmente, a questão de Bosingwa. João Pereira é bom, mas decerto que um jogador que joga no Chelsea é melhor que um que joga no Sporting, clubes com dimensões bem diferentes, certo (sem querer ofender os sportinguistas)? Por que razão é que Paulo Bento não convoca, sequer, Bosingwa, um dos melhores laterais-direitos da actualidade? E por que insiste em não convocar, mesmo que àpenas à experiência, Nélson Oliveira, um ponta-de-lança em clara expressão e talvez, até, o matador por que tanto ansiamos? Paulo Bento fez, ao início, as modificações necessárias na equipa das Quinas, é certo, tendo até dado maior liberdade a Ronaldo. Mas não estará já a ser demasiado teimoso? Fica a dúvida no ar...

Golos: Krohn-Deli (13'), Bendtner (63') e Ronaldo (90'+2')

Melhor de Portugal: Cristiano Ronaldo