sábado, 15 de outubro de 2011

A Andar Não se Chega Lá...


Dinamarca-Portugal. 1.ª Parte - "só vejo um jogador português a correr: Ronaldo." 2.ª Parte - "lutem contra o marasmo, carambas!". Portugal escapou-se da Dinamarca com uma derrota pela diferença mínima graças a belas defesas de Rui Patrício e a um golão de Ronaldo. Pelo meio, fica uma péssima exibição e o regresso do fantasma do play-off...

Não era assim tão fácil...
Desde o início, quando já todos os portugueses cantavam que estávamos no play-off, eu pensava: "calma aí, que jogamos na Dinamarca, não cá, e quando eles jogam bem, são muito difíceis de bater." Infelizmente, as minhas previsões cumpriram-se. A Dinamarca foi eximiamente montada tacticamente, não deixando Portugal jogar - daí, também, a exibição horrível da turma das Quinas. Além disso, Rolando estava um desastre, Bruno Alves medíocre, João Pereira fraco, Eliseu lento, Meireles em noite-não, Martins estava perdulário, Moutinho desinspirado, Nani individualista, Postiga ausente e Ronaldo lesionado. A receita para o descalabro...

Golos madrugadores destroem (quase) sempre o esquema
Além da entrada pouco inspirada de Portugal, acresceu à má exibição lusa a vontade e garra tremendas dos nórdicos. Acutilantes, pressionantes e agressivos, os dinamarqueses não nos deixavam jogar, levando sempre a bola à nossa área. A armada lusitana caiu logo nos primeiros minutos: um golo que, embora anulado, destroçou a equipa portuguesa. Depois, bastou um desvio infantil de Rolando e o terror abateu-se sobre as hostes visitantes.

Sem garra para contrariar
Portugal via-se, então, obrigado a jogar bem e com cabeça para contornar adversidade tão madrugadora. Mas os médios não criavam jogo e os avançados estavam presos na armadilha viking; todas as bolas se tornavam infrutíferas. E, mesmo no melhor perído de Portugal, nada de animador se gerava, a não ser um remate bem direccionado mas sem força do capitão português. Para agigantar o azar, Rolando estava a assinar uma exibição escabrosa, sem ponta de qualidade. Espanta-me como o segundo golo não surgiu mais cedo... Além disso, chocava-me o facto de apenas ver um jogador a correr, pressionar e esforçar-se por outro resultado: Ronaldo. Nani optava pelo individualismo cego, esbarrando sempre nos defesas dinamarqueses, os médios não ligavam os sectores e Postiga era uma nódoa no meio do ataque. Mas um jogador lesionado e sozinho, por mais que tente, não consegue resolver um jogo - mesmo sendo o CR7.

Mais do mesmo
Na segunda parte, mais do mesmo, embora com mais um pouco de garra. Contudo, os contra-ataques da Dinamarca eram facadas constantes na tentativa vã de Portugal de tentar virar um jogo perdido. Nani cresceu um pouco e até os médios começaram a criar mais futebol, mas os consecutivos passes falhados ofereciam a bola à Dinamarca demasiado cedo. As substituições tardavam e, quando feitas, não surtiam qualquer efeito. As oportunidades, quando criadas, eram desperdiçadas. Martins apostava nos remates disparatados. Não tardaria a vir o golpe final, em mais um erro crasso de Rolando e do resto da defensiva nacional.

São Patrício e Super-Ronaldo
Após o segundo golo da Dinamarca, o castelo de cartas lusitano, já de si extremamente frágil, desabou. A Dinamarca voltou a assumir o domínio total do jogo e o resultado só não assumiu contornos de escândalo graças a um punhado de grandes defesas de Rui Patrício, que se assume definitivamente como o titular da baliza portuguesa. A Selecção era um ratinho frágil nas garras de uma fera temível que brincava e desperdiçava. Mas o alívio, a honra e a esperança num milagre chegaram pelos pés do incontornável Cristiano Ronaldo. O capitão português sofreu uma falta e não hesitou: pegou na bola, ajeitou-a e recuou, bem à sua moda. Enquanto as devidas formalidades eram levadas a cabo, respirava e concentrava-se. Ele sabia que ia marcar aquele golo. E eis que, num remate espectacular, surgiu um golaço tremendo, digno do Melhor do Mundo. Finalmente o único jogador português que se tinha mantido inconformado com o resultado era recompensado. O milagre, naturalmente, não chegou. Mas a obra-de-arte ficou para a história.

Opções Casmurras
Finalmente terminou o jogo e a desilusão era bem patente nos rostos dos jogadores portugueses. Agora, há que duvidar de algumas opções do seleccionador, assim como admitir que certas soluções para as ausências mais sonantes nunca o serão. Eliseu não é Coentrão, tendo provado como o miúdo das Caxinas é importante para a Selecção Nacional - o jogador do Málaga foi, por diversas vezes, ultrapassado em velocidade, tendo defendido mal, e não foi, de longe, tão preponderante como o jogador madridista é no ataque. Rolando não é Pepe e voltou a mostrá-lo com uma exibição desastrosa, simplesmente horrível. Eu sei que é bater no ceguinho, mas Bruno Alves também não é Ricardo Carvalho; bem sei que Carvalho errou mas, na minha humilde opinião, Paulo Bento já não gostava dele e procurava há muito uma maneira de o dispensar: com a história do "desertor", conseguiu-o, pondo os seus interesses à frente dos da Selecção Nacional. E Postiga não é Hugo Almeida, embora este também não seja o matador de que tanto precisamos. Finalmente fica, invariavelmente, a questão de Bosingwa. João Pereira é bom, mas decerto que um jogador que joga no Chelsea é melhor que um que joga no Sporting, clubes com dimensões bem diferentes, certo (sem querer ofender os sportinguistas)? Por que razão é que Paulo Bento não convoca, sequer, Bosingwa, um dos melhores laterais-direitos da actualidade? E por que insiste em não convocar, mesmo que àpenas à experiência, Nélson Oliveira, um ponta-de-lança em clara expressão e talvez, até, o matador por que tanto ansiamos? Paulo Bento fez, ao início, as modificações necessárias na equipa das Quinas, é certo, tendo até dado maior liberdade a Ronaldo. Mas não estará já a ser demasiado teimoso? Fica a dúvida no ar...

Golos: Krohn-Deli (13'), Bendtner (63') e Ronaldo (90'+2')

Melhor de Portugal: Cristiano Ronaldo

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