sábado, 17 de dezembro de 2011

Por que... James deve ser 10

James Rodríguez

Hoje joga-se o tão esperado FC Porto - Marítimo, o duelo entre o campeão nacional e líder da Liga e a equipa-sensação, surpresa essa assente no trabalho feito ao longo dos anos e pelo seu prometedor treinador. Mas o destaque do jogo, para mim, não será o embate em si, pois estou confiante na vitória do meu Porto. Aquilo que mais quero ver é James Rodríguez a 10. O prodígio colombiano pensa e joga como médio e, na posição que é verdadeiramente a dele, poderá vir a tornar-se o jogador mais importante da formação azul-e-branca.

Anatomia atacante
Numa equipa com extremos, os dois jogadores devem ter características diferentes, de modo a conferir maior equilíbrio e diversidade de movimentos à equipa. Enquanto um deve flectir mais para o meio, aparecendo na zona de finalização ou entrando na área para fazer o dito passe de morte, o outro deve procurar mais a linha de fundo, emprestando maior profundidade à equipa e procurando o centro para a cabeça do ponta-de-lança ou o cruzamento raso à espera que alguém apareça à boca da baliza, geralmente o extremo contrário.
Vejamos: no Real Madrid, Di María é o extremo que mais procura a linha de fundo, centrando com enorme precisão pelo ar ou pela relva; Ronaldo flecte mais para o centro, aparecendo inúmeras vezes na zona de finalização, geralmente para encostar os passes do colega. De facto, Angelito é já o máximo assistente de La Liga e o CR7 é o melhor marcador de sempre da Liga Espanhola. Números de monta que comprovam aquilo que digo: El Fideo e Cristiano complementam-se perfeitamente.

Mescla e salgalhada
No Porto, Hulk é um jogador que procura muitas vezes o centro do terreno, optando pela finta e remate-bomba, pela jogada individual ou por entrar na área e endereçar o passe de morte. Também Djalma é assim, embora com (muito) menos talento e perícia. Assim, na ala oposta, deve morar um jogador de características distintas, um extremo que leve a bola até à linha de fundo, ganhe cantos, centre para a área... Nunca James. Porquê? Porque El Bandido tem um estilo parecido como de Hulk (diferente, obviamente, pois têm características completamente díspares, mas faz os mesmos movimentos-base).
Assim, o miúdo e Hulk acabam por confundir papéis, fazendo ambos as duas coisas: ora flectir para o meio, ora buscar a linha de fundo. Isto desequilibra a equipa, pois os movimentos de ambos tornam-se demasiado previsíveis e, não podendo cada um fazer quase somente a sua especialidade, acabam por desempenhar uma função em que nunca serão tão bons. Então com Djalma à direita e o Incrível a ponta-de-lança... bem, nem quero falar nisso. O que acontece é que os dois deixam de ter total rendimento para ter apenas parcial, uma parte de tudo o que podem fazer e que é fabuloso. A equipa perde dinâmica atacante e qualidade de passe, drible e criação de ocasiões. 

Extremo 10
Chegamos, então, ao derradeiro capítulo: por que o prodígio cafetero deve ser 10. O James Bond portista não empresta profundidade suficiente ao flanco esquerdo do ataque azul-e-branco, não só por ser um jogador de flectir mais para o meio, mas também por não ser um extremo. As suas características gritam-no, mas parece que Vítor Pereira ainda não teve coragem suficiente para o pôr no seu verdadeiro habitat: o meio.
Analisemos as suas características:
Passe: 8/10
Drible: 8/10
Visão de Jogo: 9/10
Repentismo: 7/10
Explosividade: 7/10
Cruzamento: 7/10
Velocidade: 7/10
Imprevisibilidade: 8/10
Criatividade: 9/10
Como podem ver, não tem a velocidade de um extremo, ou a sua capacidade de centrar, ou mesmo a explosividade que se requere, tal como o repentismo. Contudo, a visão de jogo é exímia, assim como a criatividade, brilhando também nos capítulos do passe, drible e imprevisibilidade, características essenciais a um médio-criativo. E é, efectivamente, a 10 que o colombiano mais rende. O Porto precisa, neste momento, de alguém que complemente Moutinho: o português organiza o jogo de equipa e tem uma grande capacidade de passe e excelente visão de jogo, mas falta-lhe a criatividade que sobra em James. Belluschi falhou nesta missão e Defour está lesionado, além de ser demasiado semelhante a Moutinho; Guarín nunca poderia desempenhar esta função e sobra... ninguém. Excepto James.

Queima Dragão!
Hoje é o tão esperado confronto, o último para o Campeonato até ao Natal. Quero ver James a 10. É lá que ele consegue realmente explanar toda a sua qualidade e perfumar o terreno de jogo com a magia do seu futebol. Foi lá que ele jogou e brilhou pela Selecção Sub-20 da Colômbia e que joga e brilha pelos AA colombianos, tendo sido o Homem do Jogo nos desafios que disputou pelos graúdos. Era lá que ele jogava no Banfield, tendo sido campeão argentino. VP que ponha Varela ou Rodríguez à esquerda, não quero saber, ambos darão conta do recado. O que é importante é verificar o salto qualitativo que o desvio do miúdo para o meio dará à equipa. Porque é lá que James Rodríguez se tornará um dos Melhores do Mundo.

O ano passado baptizou James...
...e tornou-o uma grande promessa

Brilhou com a Colômbia no Mundial sub-20

Agora, é uma certeza

É artista...

...e feiticeiro com a bola nos pés


No ano passado, James tornou-se o menino bonito... 
...de uma equipa que só sabia ganhar

Agora, tem de se impor numa equipa a tremer...

... e para isso deve ser 10 
Afirmou-se com o hat-trick na final da Taça de Portugal

Tornou-se estrela após ser escondido por muito tempo

James é 10 e é nessa posição
que vai reacender a chama do Dragão!

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