sábado, 3 de dezembro de 2011

Sub-23: ANDRÉ MARTINS



Portugal, 21 anos, Sporting CP. Estava nos meus planos escrever o Sub-23 de hoje sobre um jogador do Benfica, possivelmente Rodrigo. Porém, aquilo que vi anteontem no jogo do Sporting frente ao Zurique fez-me mudar de ideias como quem respira: óbvia, natural e rapidamente. Porque o que eu vi anteontem não foi um miúdo de 21 anos, ainda inexperiente, à procura de maturidade futebolística e do seu lugar neste mundo de modas e feitios. O que eu vi foi um pedaço de jogador. Ou melhor: um jogador inteiro, feito, criativo, maturo, mágico, espectacular. O que eu vi foi André Martins.

Sub-21
Até aí, apenas tinha visto o miúdo dos leões actuar por uma vez: pelos sub-21 portugueses, frente a Malta, naqueles 5-0 em que, o intervalo, os malteses já tinham comido quatro batatas. E, coincidência das coincidências (ou obviamente não), o melhor período dos bebés lusos correspondeu exactamente à permanência de Nélson Oliveira e de André Martins em campo. O miúdo benfiquista bisou, como já se sabe, e foi, para mim [fim da página], o Homem do Jogo. Mas o leãozinho também rubricou uma exibição excepcional, só lhe tendo faltado o golo.
Na altura, não tive dúvidas de que André era um jogador promissor, mas depois de ver o jogo frente ao Zurique em que ele foi titular, fiquei fã. Não quero saber se ele é um dos rivais (com que então, também sou fã de Nélson Oliveira, que pertence aos vermelhuscos), porque agora verei todos os jogos em que ele entrar. E explico porquê.

Aquilo são pés ou varinhas de condão?
Se viram o jogo, entenderão aquilo de que estou a falar, ou melhor, a escrever. Quando André Martins leva a redondinha no pé, esta parece ainda mais redonda, mais obediente, mais bela. Um simples toque e a bola faz exactamente o que ele quer: um passe, uma finta, um remate, tudo. Um miúdo assim não se deve largar, pois jogadores como ele fazem-se de muitos em muitos anos. O Sporting tem na sua equipa uma jóia que Domingos certamente saberá lapidar e tenho a certeza que o rapaz encontrará, um dia mais tarde, um grande europeu com quem se casar e ser, porventura, feliz para sempre. Porque um pé daqueles não é pé, não é bota, não é nada disso. Um pé daqueles é pura magia.

A distinta arte de torturar os adversários
O que André Martins faz não é jogar futebol, mas sim torturar os adversários de forma tão absolutamente exímia que no fim do jogo eles nem sabem o que lhes aconteceu. Cada passe é uma obra de arte, cada drible uma canção de embalar, cada finta uma ode ao bom futebol. André Martins é sinónimo de futebol fantasia, de sorrisos e adoração. Este miúdo vai ser grande, muito grande. Ao nível de Cristiano Ronaldo? Não sei, o CR7 é único, além de ser completamente diferente do seu sucessor da camisola 28 verde-e-branca. Ao nível de um Özil? Talvez, quem sabe? Melhor que João Moutinho? Lamento desapontar os meus colegas adeptos portistas, mas a qualidade deste miúdo tenta-me a acreditar que sim.
A evolução deste jovem vem acompanhando a de mais alguns muito talentosos que se formam agora no Sporting, tais como Cédric Soares, Nuno Reis e Adrien Silva. O caso do camisola 28 é fantástico: sem falar na qualidade técnica (que tem às carradas) e da capacidade de desiquilíbrio (outro dos seus pontos fortes), o jovem médio português parece perceber sempre o que a equipa quer e precisa que ele faça, abrindo espaços e organizando o jogo ofensivo dos leões. Anteontem, mesmo sendo baixote, foi um grande comandante e, para mim, o Homem do Jogo.

Só falta o golo
Penso que só faltou mesmo o golo a André Martins nas exibições por Portugal e Sporting. Na primeira, obrigou o guarda-redes a duas ou três grandes defesas, tendo mesmo merecido marcar num dos livres que bateu de forma exímia. No segundo jogo, o médio revelou espírito solidário a oferecer o golo de bandeja a Wolfswinkel em vez de ele próprio tentar atirar à baliza; pena que o Lobo holandês não tenha aproveitado o brinde.
Para mim, este miúdo já tinha lugar no Sporting europeu. Talvez não no da Liga Portuguesa, pois Elias é crucial na movimentação ofensiva e defensiva da equipa leonina, que tem vindo a rubricar excelentes exibições (as melhores entre os três grandes) e até merecia ter empatado - ou mesmo ganho - o jogo na Luz. Na Taça de Portugal, poderá ter nova oportunidade frente ao Belenenses e  vê-lo-emos certamente nos jogos da Taça da Liga. Em relação à Liga Europa, como já disse, estou em crer que o menino prodígio poderá jogar a efectivo pelos leões. A sua titularidade do jogador abriria a uma interessante mutação do meio-campo verde-e-branco, uma vez que estaria constantemente a alternar entre duplo pivô com 10 e um trinco com dois médios interiores. Isto permitiria uma maior consistência defensiva (quatro centrais a defender) e grande dinâmica ofensiva (a alternância entre o jogador dos dois pivôs que partiria para o ataque).

Rumo à equipa de todos nós
O rapaz também poderia ser 10 na Selescção Nacional, ressuscitando o tradicional 4-2-3-1 de Scolari com que jogávamos tão bem. Dentro de dois/três anos, espero ver o jovem médio exibir-se na Turma das Quinas, talvez o novo Deco ou até mesmo Rui Costa, a 10, ou até a 8, ao estilo do Maniche dos bons velhos tempos. Não sei. O que sei é que este é um futuro grandíssimo jogador.

Vemo-nos por aí, rapagão ;)
Espero ver André Martins mais vezes, com esperança que numa aposta cada vez mais regular. Domingos é um grande treinador (quem me dera que tivesse sido ele o sucessor de André Villas-Boas no meu Porto) e decerto saberá moldar o jovem luso da melhor forma, permitindo-lhe que apareça na equipa leonina de forma cada vez mais consistente. Assim, fecho a minha análise com os desejos de cabeça, sorte e muito sucesso e felicidade ao novo 28 de Alvalade. Depois do grandioso Cristiano Ronaldo e do shape-shifter João Moutinho, chegou a vez do fabuloso André Martins. Que chegue tão longe quanto o seu enorme talento lhe permitir. Para já, deliciemo-nos com a sua evolução.

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